O retrato

Queria que você ainda fosse a mesma criança

Pra eu te amar novamente.

Queria encontrar o mesmo sorriso em seu rosto;

Quem sabe tudo seria diferente?

O retrato amarelado diz que o tempo passou rápido demais

E sequer me esperou... E eu fiquei para trás.

No entanto seus olhos não perderam o brilho;

Continuam iluminando meu estranho caminho.

O coração congelou e a alma partiu arrastada pelas águas do rio...

E eu fiquei só. Eu e você no retrato amarelado.

O sofá marrom, seu short curto e camisa xadrez.

Deixe-me mentir que você é a mesma criança

Deixe-me inventar qualquer esperança...

Porque o sol ainda toca teu rosto

E o céu finge não ver tantos desgostos.

Eu ainda posso ouvir a chaleira apitar

E posso ouvir suas risadas no jardim.

Não! Não jogarei seu retrato na fogueira.

Te esquecer? Nem que eu queira!

Um anjo sempre vem me ver, larga meu cálice de fel e vai embora;

Já nem olha mais em meus olhos; Cabisbaixo, chora do lado de fora...

Enquanto eu fico só... Eu e você no retrato amarelado.

Eu e você e um coração despedaçado...

Léia Carmona Torres
Enviado por Léia Carmona Torres em 12/11/2011
Reeditado em 24/06/2012
Código do texto: T3331006