Contra o silencio

Contra o silencio imóvel do meu quarto

Contras as paredes brancas e a noite lá fora

Contra o ar frio em que a luz respira para lá das janelas

Um piano solta notas soltas, lentas

Que se demoram no ar

E no tempo e em mim

Funde-se-me na alma esta melodia triste e forte…

…Saudade…

E este é mais um daqueles momentos que em vão, sempre em vão,

Tento agarrar, ter como meus,

Impedir que passem…

Consigo memorias, muitas vezes saudades e…

Quase sempre frustrações

E sempre, sem demora alguma, como as notas vagas,

Que o piano expulsa numa calma respiração

Tudo se vai antes de ter sido meu…

Leio, as vezes, poetas e pensadores que dizem muitas vezes “carpem diem”

Que me dizem para ouvir cada nota desta melodia

Sem lembrar as outras

Que me dizem para ser só sentidos e para não lembrar

Ao ouvir esta musica o que esta musica me faz lembrar…

Se o fizesse, se o pudesse fazer, seria menos triste

E talvez mais livre mas…

O que seria a musica se as notas fossem só elas?..

O que seria esta musica se não fosse a musica que me faz lembrar de ti?

O que seria eu mais do que um momento vazio no qual duro

E tu o que serias?

Nem pó, nem uma sombra, nem desgosto, nem esperança…

O tempo passa e não agarro nada como meu

Alem de sonhos de desgosto e de esperanças

A alimentarem os sonhos para depois

Quando de manha o sol sobe e me queima os olhos para o sonho

Haver mais desgosto, e mais tempo a passar vão…

O piano parou e ficou a melodia…

Tiago Marcos

chomanno
Enviado por chomanno em 03/01/2007
Código do texto: T334938