Tardes de ouro para harpas dedilhadas
     Por sacras solenidades
     De catedrais em pompa, iluminadas
     Com rituais majestades.
      
     Tardes para quebrantos e surdinas
     E salmos virgens e cantos
     De vozes celestiais, de vozes finas
     De surdinas e quebrantos...
      
     Quando através de altas vidraçarias
     De estilos góticos, graves,
     O sol, no poente, abre tapeçarias,
     Resplandecendo nas naves...
      
     Tardes augustas, bíblicas, serenas,
     Com silencio de ascetérios
     E aromas leves, castos, de açucenas
     Nos claros ares sidéreos...
      
     Tardes de campos repousados, quietos,
     Nos longes emocionantes...
     De rebanhos saudosos, de secretos
     Desejos vagos, errantes...
      
     Ó Tardes de Beethoven, de sonatas,
     De um sentimento aéreo e velho...
     Tardes da antiga limpidez das pratas,
     De Epístolas do Evangelho!...

                                               (do livro “Broquéis”)
 
 
Créditos:
www.biblio.com.br/
www.bibvirt.futuro.usp.br     
www.dominiopublico.gov.br



João da Cruz e Sousa (Brasil)
Enviado por Helena Carolina de Souza em 26/11/2011
Código do texto: T3357935