ABSTINÊNCIA

O pior é quando o cigarro acaba

E a solidão continua desenhada

Pela fumaça...Feito fantasma.

São tantas abstinências, bato continência para a barata

que entra voando sem pedir licença.

Como ela é elegante em seu fraque...

Como sou fraca e deselegante.

as vezes sinto-me mutante nessa sociedade tão aburguesada.

E se sou itinerante é porque nasci gestante desse nada.

Me abstenho das pessoas más ou boas.

Prefiro meu silêncio e as palavras que surgem dessa madrugada.

Minha canção não é de exílio.

É uma balada!

O ritmo que meu coração pulsa agora.

O som do rabisco dessa folha, na força que imprimo na caneta

Já quase sem tinta e mordiscada.

Qualquer som...O das pálpebras que piscam sem sono,

O som de não mais sonhar, de não mais ser triste.

O colorir da manhã tece o céu

Agora que a chuva foi chorar noutro lugar.

Aguardo que o bar da esquina, descerre as portas.

Grande tolice ser tabagista...

Que pena não nasci barata.

Laura Duque
Enviado por Laura Duque em 29/11/2011
Reeditado em 29/11/2011
Código do texto: T3363015