um pedaço de copacabana

não é mais a mesma.

a fotografia do amanhecer na praia

perdida

e o frio, a chuva

nuvem enterrando a paisagem

dão o novo tom

o grito da janela do apartamento

perdido

cada qual em seu silêncio, sua vida

sua solidão cercada de coisas e amigos

ninguém caminha pelo calçadão

nem na areia

não há turistas

o mar secou

desmancho a tecitura de uns versos

duas da manhã

desço pra comprar alguma distração em cigarros

[mas a boca] e a banca vinte e quantro horas não está

eu e meu guarda-chuva quebrado

dialogando com poças d'água

e sons remotos circundando

aperto o passo

estão todos escondidos pelos cantos

e minha dor é saber que não me notam

por sermos todos iguais

termos a mesma face

longe do brilho de outrora

da velha e boa copacabana

Lidiane Lobo
Enviado por Lidiane Lobo em 17/12/2011
Código do texto: T3393450
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