Leve[mente]
Esse olhar pesado
que hoje trago
não é meu.
Agro fruto
de circunstâncias
e escolhas
que não fiz.
Esse mesmo olhar
enevoado e envelhecido
além dos anos,
interroga-me
sobre perdas e ganhos
na inútil tentativa
de caminhar
além do caminho.
E assim vou
quebrando espelhos,
rasgando trajes
que não me servem
e enterrando mortos
que insistem
em voltar.
Mas apesar das lúgubres
noites de agonia,
haverá brisa de verão,
jardins da infância
e poesia.
Sempre haverá
um derradeiro olhar
de beleza
para elevar a mente.
Renascer lentamente,
leve[mente]
Thiago Cardoso Sepriano