ROSIDELMA FRAGA versus CHICO MIGUEL
POEMAS DE ROSIDELMA FRAGA
Rosidelma Fraga*
FABULOSO XICO
para meu amigo poeta, francisco miguel de moura
Fabuloso Xico,
Aurora do Parnaíba
Bruma de Areias...
Um dia vestiu e bebeu poesia
Lavrou canções e reinventou-se.
Outrora foi flamingo nas asas de um menino
Sempre vivo: metade rio, metade sol...
O Parnaíba até sorriu
de teus olhos azuis
abraçados na cor do mar.
Por celebrar a ti, Xico,
minhas mãos desnudam em canto piauiense,
em versos de minha índia terra...
Em alma desmedida, quase fábula, quase prosa...
Derramo as gotas de palavras, a ti menino,
o quase perdido,
uma vez achado,
jamais esquecido.
POEMA 1
Se acaso a mão fechar os olhos
de meus versos intermináveis...
Se porventura
o verbo imperfeito
tocar a valsa de Natal,
no saltério de dez cordas...
Saltarei do crepúsculo
de meus dias
e navegarei para além do além-céu...
Das galáxias darei as costas
aos livros que não escrevi
E vestirei o germinar da poesia
nas asas do querubim.
POEMA 2
Se amanhã eu escrever que te espero,
sem pressa ou voluptuosos delírios,
sem olhar o devaneio do inaudito silêncio
ou a suja poesia que amassei no lixo?
Se eu escrever a epifania da tua aura,
da alma borbulhando no fogaréu?
E se eu pintar o verso erótico mais puro,
sem nunca ter dito a palavra AMOR?
Não sei se escrevo ou se escondo o verbo...
AMOR é substantivo abstrato e intransitável.
Declaro, enfim, que meu verso romântico
se perdeu na lama da escuridão
e voou nas chamas de tua ausência,
a virgem amante de todos os meus dias.
POEMA 3
Por trás de cada verso mudo,
quero visitar
a pele suada da poesia,
o olhar sem plumas do mendigo,
a última utopia em flor,
o vago escuro da solidão
e a nudez do silêncio em mim.
Por trás da visitação,
quero abraçar
o chão,
o riso,
a nostalgia
e o minuto eterno da palavra LEMBRANÇA.
Por trás da linha do fim,
quero dar adeus à vermelha poesia...
E a minha ausência fará sentido.
POEMA 4
Fiquei acorrentada
pela visitação
do anjo de asas negras
de Lúcifer com a taça quebrada.
Toquei no vinho dionisíaco
derramado
e sugado pela cigana do véu
que na lama gemia
feito a mulher de branco e feito
a última flor em chamas.
Eu que nasci poeta para beber a dor alheia,
fotografei o silêncio da cigana
e despi meu sentimento de mundo.
POESIA PRENHE
De um sabiá
aleluiando
desci os outeiros
e o teu olhar de azul
vestia-se de ternura,
de luz e epifania.
Ó Anjo da noite,
Meu Amor inusitado,
quero sugar as gotas
desse minuto pleno
e prenhe qual rio de almas
em êxtase de poesia.
http://franciscomigueldemoura.blogspot.com
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*Rosidelma Fraga, escritora brasileira, escreve ensaios, poemas e crônicas, professora, doutoranda em Literatura, mora em Goiânia - GO.
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Postado por CHIICO MIGUEL às 17:55 2 comentários
Marcadores: poesia clássica
sábado, 26 de novembro de 2011