Prá Seca Não Há Dúvida

Não é arte, nem é gente

Não se esconde e nada sente

Não vem da crença; vem da semente

Reza a miséria aqui presente

Rumo e raiz (tem não)

Pois a seca rachou este chão

Nem late a cadela baleia

Correu e fugiu da perreia

É carregado de seca

É chão torrado que racha

É pé rachado que o trechão corta

É barriga que ignora uma vaca morta

Se reza é pra santo (manda chuva)

Se come é feijão na água pura

Se lava são trapos quase na lama

Se colhe é amor porque se ama

Homem tem calo de mandioca

Mulher dá conta do roçado

Menino corre picula com baleia na porta

Menina quer ver além do cercado

Carapicum
Enviado por Carapicum em 27/12/2011
Código do texto: T3408259
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