Em face do amor, oremos
Se me dissesses que o amor é uma luz de fogo
e sem trégua, ó Deus, me aprisionasses nesse incêndio,
e sem descanso me tomasses de assalto em sua brasa
e sem piedade me alisasse escaldante afago
e sem saída me acudissem as lágrimas
e sem alívio me ferissem as dores
Ainda assim perenemente amaria minha alma
e se ergueria ao seu encontro com sorrisos
e angústias.
Se me acolhesses em teu seio
e de aconchegos me fartasses,
se me banhasses as feridas com teu ungüento
se me tomasses nos braços o corpo desfalecido
se me ofertasses do pão da tua casa
se me oferecesses o ombro para o pranto
e o sorriso para a estrada
Ainda assim perenemente sofreria minha alma.
Onde não cabe a minha pequenez
e onde se acendem as minhas modéstias
e onde se revelam as mazelas,
ainda assim atrevidamente ama minha alma
e sonha por um dia em que um sorriso
ao meu alcance disponha
o fruto de meu sonho peregrino
o amor de volta
doce e total
livre e audacioso.