NÃO TENHO NAVIO

Perdi nos naufrágios

veleiros, galés,

levados por ondas

das altas marés.

Perdi marinheiros

que em noites de frio

dormiam nos cantos

envoltos em mantas,

com rostos sombrios.

Perdi meus marujos

de dedos de aço

dobrando as amarras,

limpando o convés.

Perdi meus piratas

com suas adagas,

dobrando inimigos,

pisando-os aos pés.

Em praias distantes

acordo sozinha,

perdidos os sonhos

de um dia voltar

aos mares desertos

dos teus olhos calmos,

tu que és oceano

de escuro e de frio:

não tenho navio

pra te navegar.

Cliz Monteiro
Enviado por Cliz Monteiro em 08/01/2012
Reeditado em 21/12/2014
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