Agulha e linha

Tantas vezes eu já quis dizer. E não disse.

E segurei o meu abraço e o meu grito

E o meu sorriso triste.

Quantas vezes eu quis ser beijo e fui espinho

E apaguei as histórias

Desconstruí minha vida

(desmantelei minhas costas e não aguentei o peso)

Larguei a corda e lamentei o resultado

Chorei escondido a derrota revelada.

Sendo eu, fui outras misteriosas partes de mim.

Entreguei-me ávida - a vida - e fui revestida

Parte de cetim, pedaços de brim.

Quem ajudou a vestir meus olhos de esperança

Traz agulha e linha.

Furou-me a retina, costurou-me a veia principal.

Nem tudo que reluz é ouro.

Valéria Britto
Enviado por Valéria Britto em 12/01/2012
Código do texto: T3436334
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