Feras Urbanas
Dois olhos de fera
Que rondam a noite
Dois seres inertes
Na escuridão...
A fome atiça
O instinto da fera
Sua natureza
Não teme a razão.
No breu da canhada
Destinos se cruzam
O lobo, larápio
Sua presa espreita...
E o frágil cordeiro
Na sua existência
É a própria inocência
Que uma mãe injeita.
É a lei do mundo
A ordem das coisas
A vez do mais forte
O berro da dor...
Por certo se a vida
Lhe desse uma chance
Morria na faca
De um carneador.
Meninos cordeiros
Que povoam ruas
Também injeitados
Pela sociedade...
Estão á mercê
Das feras urbanas
Que habitam os guetos
Das grandes cidades.
É a lei da injustiça
A desordem do mundo
Miséria das massas
Em promessas vãs...
Talvez se a vida
Lhes desse uma chance
Seriam a esperança
De um novo amanhã.