[longe do verso]

Apresentando O Transversal

“La Folie, Lydia the Tattooed Lady, dos irmãos Marx,... das viagens, das estações do ano, das partidas e de alguns regressos...”

longe do verso, ressaltam verbos

orfãos, cegos, que tateiam em

labirintos sem saída,

queixam-se as palavras,

admiram-se naturezas paradas

pelo tempo em telas douradas,

e a prima-dona ri, retratada

em silêncio, no silêncio.

Mendigos lutam contra a fome,

nas lixeiras dos restos opulentos

deixados pela abastança,

qual compaixão quando se fala

da sobrevivência,

e do vinho transformado

em vinagre, se brinda miséria.

Longe do verso, nascem sepulturas

nos desertos de tantas guerras,

e as crianças brincam, indiferentes,

futuros soldados, ninguém os viu,

ninguém os protegeu,

ninguém os avisou.

Do amor se escreve, da saudade

também, da tristeza se diz

inspiração, e quando o mar

tudo engole, se diz de azul,

balançam-se alucinações, misturam-se

sentimentos, desconfortáveis,

e a meio da folha alva, imaculada,

longe do verso,

quebra-se o aparo, escorre um

negro sangue sem destino.

Cantam nereidas, as que

vivem no lodo apelidam-se de

divindades,

e fecho os olhos imaginando

ilhas desertas, fugas, direi,

labirintos sem saída,

longe do verso, lá bem longe,

nos imprevistos do acaso.

[Finalmente a noite pariu... Nasceu o dia...

Aleluia.]

Nkisi
Enviado por Nkisi em 24/01/2012
Código do texto: T3458915
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