Me Vou

Me encharquei de letras e sons nesta tua falta.

E se antes as lágrimas entonavam as curvas da nossa estrada,

hoje, bem só, retornei a minha linha reta,

sem teu rosto no retrovisor.

Eu e você: nunca foi ciência exata.

Embora nossos corpos soubessem todas as fórmulas químicas e físicas de fazer o improvável e de brincar com impossível.

Retomo. Em linha reta, partindo em dó e em direção ao sol.

E me deixo envolta, protegida pela melodia confusa

que minhas notas celebram pela tua falta.

Me embriago deste tinto que me pinta em vinho e recuso o doce do teu veneno.

A colocar meu mundo ao teus pés, perdi meu chão e hoje,

vôo sem asas para qualquer direção.

Aceita a condição.

Começo em dó e vôo em direção ao sol. Até que o mundo se acabe.

E o meu, que reinvento todos os dias, reinicia toda vez que abro os olhos.

Findo a lucidez da taça e inicio um novo dia com mais uma noite...