VELHA VILA VELHA

No ar havia cheiro das flores

Úmidas do amanhecer

Enfeitavam quantos amores

Antigos ou ainda a nascer

Na pele o frio do orvalho

De final da madrugada

Vento balançava o galho

Acordando a passarinhada

Ao longe, o galo e os sinos

Dois violeiros em desafio

Corria com outros meninos

Um banho na beira do rio

Homens seguindo em frente

Muita luta para enfrentar

Às portas alguém sorridente

Acenava a cumprimentar

Cresci e parti para o mundo

Prometi rapidinho voltar

Vida voou num segundo

Não reconheci o lugar

Não tem mais linha de trem

Ruas mandaram asfaltar

Fecharam até o armazém

Riacho não dá pra pescar

Grades tapando janela

No campinho ninguém joga bola

Na pracinha da capela

Gente pedindo esmola

Sem companhia para cantar

Aquietou-se o sabiá

Não tendo a quem assustar

Fugiram Saci e Boitatá

Vêm-me imagens ligeiras

Da velha vila pacata

Quantas noites inteiras

Atravessei em serenata

Um medo me sobrevém

Crio coragem para olhar

Procuro no céu: Ainda bem!

Lá em cima restou o luar

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 29/01/2012
Reeditado em 29/01/2012
Código do texto: T3467744
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