AMOR PERDIDO


Tu, amada, borboleta flutuante, perdida
Sem rumo e sem destino, alça teu voo
Nas catacumbas dos vampiros humanos,
Buscando nas mortalhas uma razão de viver?

Tu, alma flamejante, presa no frágil corpo,
Longe dos grandes campos e dos vastos mares,
Entre a névoa densa, fria e avermelhada
Que acaricia teu rosto, não mais sente teu Senhor?

Grandes extensões percorrem meu pensamento,
Entre tempos e espaços inimaginários e infinitos,
Nos quais até o mais corajoso vampiro não trilharia.
A grande força de ir e de vir não se decifra por si só.

Não viste? Não almejaste decifrar-me, nem me sondar?
As estrelas do firmamento sempre estão desordenadas.
Se as contemplares por muito tempo, confusa te tornarás,
Se por pouco, teus sonhos perecerão pequenos e vazios.

Além das profundezas da noite, sombrosa e fria, com sua pálida lua,
Vejo alguns túmulos, rachaduras e vampiros andantes desejando-te.
Vejo teus olhos fechados, teus ouvidos surdos e tua boca muda.
Brado por ti, e luto quase vencido, antes que o amanhecer te leve.

Os ventos, de mim, ainda sopram a ti, fortes e constantes, Senhora,
Passando pela natural imperfeição das cousas e dos seres todos,
Ignorando a maior imperfeição em mim mesmo, ser rastejante,
E impiedosamente te buscam em ecos, para o transcendente.

Inglório. Devasso. Bebi sedento, da fonte pura que me ofertaste.
Envenenei-te. Acendi em tua ama minha chama negra, possuindo-te
Tão impura e loucamente que seres vários de todo Universo
Acenderam-se e conosco compartilharam do amor nefasto.

A criança inocente e o homem sábio se resumem num só,
Meu corpo frágil contém a mente que não lhe pertence.
E, amando-te assim, como criança e homem, como deus e demônio,
Muito além deste mundo, perdi-te. Decifra-me, Senhora e Amada minha?


Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 31/01/2012
Reeditado em 01/02/2012
Código do texto: T3472967
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