A uma flor

Outro dia, ao crepúsculo,

Colhi uma flor de vento.

Filha da noite e da lua,

Delicada criança do tempo.

Brincava entre os meus dedos,

Suave e etérea, uma pluma.

Trazia nas pétalas a luz,

Das manhãs nevoentas, das brumas.

Ao tocar minha pele, eu percebi,

Que sua presença era uma fonte,

Da qual, antes, jamais bebi.

Assim, desfazendo-se no ar, partiu,

Levando consigo uma parte de mim,

Algo que ninguém jamais viu.