Simples noite
Noite, uma simples noite.
A chuva abrandou, não é mais uma tormenta.
Ouve-se claramente as gotas e o vento,
Antes não era possível discernir um do outro
Tão intrínsecos como um só,
Esbravejando o entorno da casa
Esmurrando as paredes e o telhado.
Os raios, sempre deixavam a sombra de sua presença,
Ou minha mente assim fazia parecer, não sei ao certo.
E ao analisar a calma do momento,
Muito se parece a armadilha de um predador
Que cansado da perseguição falha
Agora aguarda calmamente um deslize de sua presa,
Onde a presa sou eu, preso em minha morada
Onde me mantenho cativo, em meu covil.
E à noite me espia, esguia tormenta
Ansiando pela chegada de meu sono
Que me fará desatento e passivo.
E onde cada pequeno rangido de madeira,
Estalar de objeto ou ruído da ventania
Será uma análise minuciosa e precisa
De meu algoz procurando uma entrada
Sem deixar-me nenhuma saída.
Aguarde calmamente, noite ríspida,
Não tenho pressa de dormir,
Espero que seu cansaço ou tédio venha logo,
Que algo lhe faça desistir de mim
E saia em busca de outra vítima.
Esqueça-se de mim, até que eu me esqueça de você,
Terá todas as noites vindouras para me caçar
E por todas as que eu puder, vou resistir.