Mãos

Mãos que na madrugada escrevem

Vida, morte, paixão, desejo, dor

Manejam a pena; quisera o poeta só falar de amor

Em seu peito, antigos laços que ainda o ferem

Mãos que na madrugada lêem

Paixões de outrem, juras, corpos que se entregam

Freneticamente; quisera os poetas que hoje chegam

Sentar-se à mesa dos bêbados inocentes que tudo vêem

Escreve, minha mão, escreve teu destino parco

Assim como não se importa a mulher de rua

Com a pregação dos sacerdotes hipócritas que a deixam nua

Escreve, impregna-te, faz de tua vida o marco

Que sempre sonhaste, que os homens sempre te negaram

Hoje és rainha, entrega-te às palavras de que nunca te falaram

* Margô Antunes

28/08/06

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* Margô Antunes é pseudônimo de Marcelo de Andrade