Purgatório

A minha vida, eu romantizo

Porque sou o único herói que realmente conheço

(Incrédulos leitores: tirem provas, usem seus detectores, chamem os Doutores.)

Interroguem meu arcanjo direito ou o meu lado/lobo esquerdo

Antecipo-lhes que falarão nos seis pronomes da portuguesa

Afobados, lhes contarão sete mentiras e logo após sete verdades

As mais pavorosas, arrepiarão estimados cabelos

Temo que nesta má hora, cuspam-me em asco e malditosos sentimentos

Levantar-te-á dedo em riste, inquirindo-me: - Como pôde? (podre)

Mas se entreaberta a porta ainda estiver

Aguardem meu desejo em respeito

Garanto, se estas histórias ouvirem, concorrer à redenção

Sem pena ou clemência, verão sorrisos, amor, lágrimas e dor

Para redimir meu crime de vivandagem vivida

Entrego-lhes a face, o coração, TUDO! Braços, pernas e mãos

Minha carne, sangue e fluídos

Entrego-vos para a autópsia derradeira

Magnetizem-me no mais moderno e caro aparelho ultrasônico

Separem meus átomos, áurea, prótons e neutros

Diagnostiquem minha alma e cumpram esta sentença