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O GRILO

Nos grandes silêncios da noite
os grilos cricrilam, cricrilam,
fazendo uma enorme algazarra.
Bem depressa, eu desamarro
a camisola do dia,
porque perco a alegria:
só raiva me toma, me arde.

Eu, no mundo, aguento tudo,
mas basta uma noite indormida
pra perder as estribeiras
fazendo rolar ribanceiras
de pedras, as mais pontudas,
maldizendo os céus profundos
por criarem e alimentarem
esse inseto vagabundo,
que nada faz nesta vida.

Não é fácil matar grilo...
bem quisera consegui-lo.
Eu tentei, não me dei bem,
me diga acaso alguém
que logrou matar aquilo,
conseguiu e ainda riu...

Aplausos à empreitada!
Tem, agora, as madrugadas
pra sonhar... fazer poemas...
onde o grilo, e seu estrilo,
nunca mais será o tema.


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José de Castro
Bem bonito aqui o grilo
que virou até poema.
Mas de noite o seu estrilo
é mesmo um grande problema.


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Cassia Da Rovare
Affe ninguém merece
um grilo grilando noite a dentro
some a calma, nem cabe a prece
matá-lo foi apenas intento.

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Luiz Moraes
Já não bastam nossos "grilos"
Que não nos deixam dormir!
Desvirtuam-nos daquilo
Que nos deixava a sorrir
Agora esses barulhentos
Veem completar o tormento
Que fazer pra destruí-los?

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  Hull de La Fuente
Esse grilo engraçadinho
já tocou em minha orquestra
o violino afinadinho
que encantava a floresta.

Tocava com tanto esmero
que o Scala o contratou
Para um solo do Bolero
que o Ravel consagrou.

Se ele fez a serenata
que te incomodou, Helena,
ele agora se retrata,
te pede perdão, pequena.

Esse grilo encantador
afinou seu violino
pra serenatas de amor,
porque é este seu destino.

Não mate este grilo não
é um apelo da criança
que vive em meu coração
que te pede com esperança.