Poesia da covardia
Manhã e tarde
Por que o céu escurece?
Por que fico covarde?
Amanhecer e entardecer
Por que a noite prevalece?
Por que traz o medo de viver?
Faço poesia
Como uma pedra de sabão
Comum e escorregadia
Cabe na palma da mão
O ar denso neste verão
Confunde a mente que se espreme
A dificuldade na respiração
Acelera o coração que treme
O tremor é resultado da inexperiência
A noite promete machucar
E com as feridas da existência
Vou aprender a remendar
Faço poesia como a morte de uma flor
Fraca, exausta, pronta para desfalecer
É o único modo que sei compor
Exprimindo a covardia de viver
Não é solidão, não é ausência
É um sentimento que esmorece
Talvez seja a ciência
De que o céu sempre escurece
07.02.2012