Poesia da covardia

Manhã e tarde

Por que o céu escurece?

Por que fico covarde?

Amanhecer e entardecer

Por que a noite prevalece?

Por que traz o medo de viver?

Faço poesia

Como uma pedra de sabão

Comum e escorregadia

Cabe na palma da mão

O ar denso neste verão

Confunde a mente que se espreme

A dificuldade na respiração

Acelera o coração que treme

O tremor é resultado da inexperiência

A noite promete machucar

E com as feridas da existência

Vou aprender a remendar

Faço poesia como a morte de uma flor

Fraca, exausta, pronta para desfalecer

É o único modo que sei compor

Exprimindo a covardia de viver

Não é solidão, não é ausência

É um sentimento que esmorece

Talvez seja a ciência

De que o céu sempre escurece

07.02.2012

Priscila Silvério
Enviado por Priscila Silvério em 23/02/2012
Reeditado em 23/02/2012
Código do texto: T3516015
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