PAPÉIS DE SEDA AO VENTO





 
A noite se pronuncia,
ensaia um suspiro, ar de enfastio,
encapela as águas do rio.
 
O súbito fustigo da borrasca
embaça os olhos do menino,
transfigura a perspectiva,
arrasta pipa encharcada.
 
Deitados na margem barrenta
vão-se sonhos acriançados,
a espera de sol e vento.
 
No desmaio do encanto,
não mais balançam papéis de seda,
não mais ecoam notas do canto.
 
Sem linha enrolada, sem fascínio,
vão-se pipas sem rabiola
sem carretel, sem dono menino.
 
Vão-se soltas, perdidas...
na companhia solitária e distante
da linha do horizonte.















 
heleida nobrega
Enviado por heleida nobrega em 03/03/2012
Reeditado em 07/03/2012
Código do texto: T3532725
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