No Cais da Cama
     ( o)O(o LADY NOTURNA o)O(o )
 

No cais da cama,
coração acelerado e,
na boca,
o desejo de sentir o gosto
impuro do Poeta.

No cais da cama,
antes do sacrifício em carne,
o reino,
o culto oferecido,
as carícias ao encontro da flor.

No cais da cama,
a fêmea em pedidos,
corpo já amadurecido,
apesar da mente
explodindo em sonhos.

No cais da cama,
a manha,
a cabeça virada,
olhos em girassol
e o hálito de hortelã.

                                 (Lady)

 
                                   ***     ***      ***


     Comentário do Jô:
     O Simbolismo, escola literária surgida na França, em fins do século XIX (1800), teve como principais características o subjetivismo (alma, eu profundo, sonhos, delírios), a musicalidade (uso de recursos estilísticos como a aliteração, a assonância e a sinestesia) e o transcendentalismo (sugestão, alusão - jamais nomeação dos objetos; captação da fantasia, do imaginário; uso da intuição, da sensibilidade, em vez da razão ou da lógica; ênfase na vagueza, na indefinição, na imprecisão lírica).  Presença do espiritualismo e do misticismo.   

     Celebrizou-se através dos seguintes poetas:

     - Charles Baudelaire, Jean-Arthur Rimbaud, Paul Valéry, Paul Verlaine, Stéphane Mallarmé (França);
     - António Nobre, Camilo Pessanha, Cesário Verde e Eugênio de Castro (Portugal);
      - Alphonsus de Guimaraens, Emiliano Perneta, Gilka Machado, João da Cruz e Sousa e Raul de Leoni (Brasil). 

     Cresce sempre mais esse movimento poético, devido ao surgimento frequente de outros vates, cantando, plangendo temas que merecem mais o segredo da sombra que o anúncio da luz.  E "vatisas" como Lady Laura, em trabalhos como este, que para os ventos e impede a tempestade. 




Enviado por Jô do Recanto das Letras em 04/03/2012
Reeditado em 04/11/2012
Código do texto: T3533814
Classificação de conteúdo: seguro