Versos Anêmicos

Mas que destino o de meus passos!

escrever um amor falido

Em ruidosa e simples prosa.

Sentimentos em texto resumido.

Estão tirando a poesia de mim!

E sem isto estou a morrer por dentro.

Como deixar, sem água, pobre jasmim?

Como tirar, do círculo, o centro?

Deus! Estão tirando a poesia de mim!

Teu mundo se farta de minha rima,

Sinto que a cada esquina, dez linhas deixo enfim,

Para olhos cheios de nenhuma lástima.

Não destes a todos os teus ffilhos

O doce poder e dever de amar?

Pois eles, a quem tanto desejei o bem,

Só deixam meus versos a amargar.

Talvez, por tanto desejar que amem,

Tenham surrupiado meus poemas, meu amém

E roubado até minha dor,

Deixando versos vazios de rimas sem cor.

Estão tirando a poesia de mim!

Mande um anjo, por favor, qualquer Querubim!

Que me proteja dessa estranha lógica

E me afaste dessa voraz métrica.

Estão tirando a poesia de mim...

Que posso e tenho dito tantos jeitos de morrer,

Não desejo esse fim a nenhum ser...

Versos anêmicos como claro marfim.

Linhas que cessam antes de ir ao papel,

Falta-me prosa, que dirá estrofe e cordel!

Ou, então, eu não entenda nada deste folhetim

E me falte poetar e lirismo.

Estão tirando a poesia de mim,

Encontro-me silenciosa no abismo.

Thaina Chamelet
Enviado por Thaina Chamelet em 05/03/2012
Reeditado em 05/03/2012
Código do texto: T3537376
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.