[não te esqueças das trompetas]

Apresentando O Transversal

“La Folie, Lydia the Tattooed Lady, dos irmãos Marx,... das viagens, das estações do ano, das partidas e de alguns regressos...”

Lydia the Tattooed Lady.

...

que os pássaros que morrem em voo

sejam cobertos pelo céu,

porque as raízes das flores

já encontraram descansos.

Que soem as trompetas,

que se entreabra o nevoeiro, um pouco,

que me deixe ver azuis infinitos

onde se escondem cometas e astros,

que os rios nasçam do mar,

e que o cume das montanhas

seja habitado pelas árvores

centenárias, onduladas pela brisa

da tarde.

Que este gelo escondido, profundo,

se derreta, desencalhando os barcos

afundados, e que todas as nossas

histórias,

voguem sem amarras,

que as ondas do mar se ondeiem

nas terras secas, nos desertos

da solidão sem fim.

Das solidões enforcadas

em fossas sem profundidade,

infinitas, escrevo,

como se da saudade nascessem

mais saudades, parisse

os ventos do norte,

parisse todos os furacões

momentaneos,

que descansem em fim,

porque as raízes das flores

já encontraram descansos.

Das felicidades, que o céu

e o mar as cubram no regresso,

como as aves que descansam

naquelas nuvens,

como as baleias que dançam

perto das ilhas desertas.

Pinta então o quadro,

pinta-o de cores todas,

pinta-o,

mas,

não te esqueças das trompetas,

[os anjos, deixa-os de fora, ignora-os],

que renasçam os dias de todos os dias,

que renasça o mar de todos os mares,

renasceremos então, uma última vez.

Nkisi
Enviado por Nkisi em 07/03/2012
Código do texto: T3540372
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.