RODAR CATIVO

Os minutos se passam

quase audíveis

em refrão recorrente.

As horas se somam

plausíveis

cheias de promessa e sem nada deixar.

Os dias escorrem

entre os dedos

ceifados do calendário

e cerzidos na pele dos homens.

Os anos morrem

Amiúde

a cada manhã

retirados das pretensões gregorianas.

Como um filete no engenho d’água

os minutos, as horas, os dias e os anos

num rodar cativo, errático desperdício

incontrolável, surda repetição.

Ricardo S Reis
Enviado por Ricardo S Reis em 22/01/2007
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