Aos Poetas Mortos

A marcha segue lenta

Pelas ladeiras íngremes das ideias.

É o cortejo mais dolorido.

É fúnebre o ritmo dos passos

Que acompanham tamanho silêncio.

As letras unidas para tecer o poema não dito

As frases avessas para rememorar

Os textos esquecidos.

A língua presa

Calando o que nunca foi som.

Os olhos espremidos

Suplicando em água e sal

A última sílaba

Fusão elementar daquela primeira vida.

Vírgulas e vírgulas em soluços intermináveis

Buscando o encontro de uma nova oração.

Velhos poetas,

Levantem-se!

As histórias carentes os esperam,

A vida corrente os clama.

Heidn Cardoso
Enviado por Heidn Cardoso em 13/03/2012
Código do texto: T3552010
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