Aos Poetas Mortos
A marcha segue lenta
Pelas ladeiras íngremes das ideias.
É o cortejo mais dolorido.
É fúnebre o ritmo dos passos
Que acompanham tamanho silêncio.
As letras unidas para tecer o poema não dito
As frases avessas para rememorar
Os textos esquecidos.
A língua presa
Calando o que nunca foi som.
Os olhos espremidos
Suplicando em água e sal
A última sílaba
Fusão elementar daquela primeira vida.
Vírgulas e vírgulas em soluços intermináveis
Buscando o encontro de uma nova oração.
Velhos poetas,
Levantem-se!
As histórias carentes os esperam,
A vida corrente os clama.