CLAUSTROFOBIA
CLAUSTROFOBIA
(reeditando)
Preso nos interiores de tantos eus-calabouços,
ouço vozes que o passado tingiu de roucas.
Vou suando frio, enquanto lembro de singulares momentos,
e vejo o filme que roda rápido, como se fosse a última vez.
Esse pânico de não poder fugir, respirar o ar puro de brisas azuis,
e pescar em escrespadas águas, me torna cinza, predador e seco.
Essas portas imaginárias sem controle remoto e sem trancas
que a poesia constrói, vivem ainda neste labirinto chamado vida.
Não bastasse a realidade, cheia de ilusões, enfrento essa fobia
de clausura sem voto nessa lassidão de horas.
Essa dor reparadora, quase alento, não dói, nem redime.
Não que não goste e não que não queira.
Apreciaria, sim, ter em mãos as chaves.