Esquizofrênica

A mão escreve,mas uma voz me auxilia,

no instante em que menos a espero,

seja em momento de dor ou de total alegria.

A mão define,mas é a voz que vai formando

as palavras,sentenças,rimas e sentimentos

que dentro de minha mente se estão organizando.

E essa voz,de onde será que vem?

Procurem por todos os lados;

não haverão de encontrar ninguém.

A voz me fala por dentro,suave esquizofrenia

que torna-me dois seres em um único corpo,

tornando-o fusão simultânea do orgasmo e da agonia.

A voz é de uma mulher,amante da liberdade;

livre de corpo,mente e emoções,

eterna ventania,estrela fulgurante em sua soledade.

Mas a mão ainda é da menina assustada,

apegando-se a tudo que segurança lhe traz,

fadada sempre a amar,sofrer ou ser influenciada.

A mão ou a voz:qual delas será a minha constituição?

Pois meu corpo é apenas um palco,

mantido pelo incessante bater de meu coração.

Palco da competição entre a mulher e a menina,

sinônimos e antônimos perfeitamente alinhados,

formando uma imagem ainda indefinida.

Enquanto não se marca o fim deste conflito,

dos seus embates,vejo poesias instáveis,noites insones

e um coração ao mesmo tempo sereno e aflito.

E eu,como ser impreciso,espero sem reagir;

pois é na presença destes dois seres em eterna peleja

que eu sinto o meu existir...

Thaís Soledade
Enviado por Thaís Soledade em 23/01/2007
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