Pés de Vento

Sem o embriago de dogmas, sã e não santa

Não me fazer de rogada ou heroína

Ser poeta

Em tua boca me servir do que eu quiser

Engordar com o repertório de tua lábia

Mergulhando na cachoeira de tua saliva

Nesta hora que me sugeres

Enxugar-me na maciez de tua língua...

Na nascente onde acorda o dia!

“Cá, ouvir a tua voz, que em mim chamas”

Sentir-me como estrela SOL

Ter grandeza de mundos em teu cintilar

Tirar dos teus lábios o meu fôlego

Que nos ventila os movimentos da vida...

E em meu ventre um sopro se

Transformar em um planeta

Com as formações e semelhanças divinas

Aspiração una dos mortais... Mas

Sou apenas o caractere de poeta

O Pé de vento e o telhado aluado

No peito o elementar de tua crença

A estrela projetada, no sempre palco

Como uma peça se formando, deslocando as cenas

... Ensaios repetidos que te focam

E repisa-te no seio

Em cada novo poema uma taça á Dionísio

Oferenda de verso santo

E o embriago queda na boca do poeta

E as palavras viram nisso

E o texto profundo, revira, mergulha e nada...

*Vera Lúcia Bezerra Freitas

Vera Lúcia Bezerra
Enviado por Vera Lúcia Bezerra em 24/03/2012
Reeditado em 21/12/2013
Código do texto: T3573116
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