Fruto podre
Hoje sou um fruto podre,
nada mais que um fruto podre
Fruto que nasceu da flor,
amadureceu
e apodreceu
sem que ninguém o provasse
Fruto que ninguém descobriu entre as folhas
e hoje,
caído no chão,
degenera-se sozinho
Fruto que nunca sentiu sua viva casca perfurada,
seu suco doce escorrido
Tão escondido na árvore
que nem as minhocas o viram
Fruto que um dia fora suculento,
saboroso,
colorido...
Hoje não passa de um caroço azedo e murcho
Ninguém viu o fruto saboroso
Ninguém nunca saberá que um dia o foi
Não tem mais cor
nem sabor
Seu cheiro,
antes apetitoso,
nunca ninguém o sentiu
Apenas o sentem hoje
que está estragado,
que virou lixo...
Um fruto que nunca teve o prazer
de dar a alguém algum prazer
Agora
deteriora
até que não mais exista
E suma
sem deixar vestígios