amiga momentânea

extirpada do vegetal

ainda molhado de suor noturno

ela agora passeia deslizando

entorpecida pela agonizante ruptura /

inspiro seu perfume extraordinário

adocicado quase que selvagem /

ela dança entre os dedos passando

nua suave num e noutro ao sabor

de meus movimentos reflexos contínuos

enquanto vou longe nos devaneios delirantes /

seu espinho comete um ato derradeiro de provocação

ao furar-me a pele almejando

atrair para si minha atenção /

aceito o convite e direciono

meus olhos em suas pétalas aveludadas

tingidas de vermelho escarlate /

retenho esta flor como amiga momentânea

já que perde seu vigor instante a instante

desde que extraída do seu corpo

em prol do meu irascível desejo /

um capricho louco

de querer vê-la em outras mãos

Wagner de Oliveira
Enviado por Wagner de Oliveira em 30/03/2012
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