[e quando soprares as minhas cinzas]

Apresentando O Transversal

“La Folie, Lydia the Tattooed Lady, dos irmãos Marx,... das viagens, das estações do ano, das partidas e de alguns regressos...”

La Folie, dos irmãos Marx...

e quando soprares as minhas cinzas

que te deixo embrulhadas num poema,

peço-te que o faças na ilha dos corais que plantei.

Do poema:

“lança os restos de mim, alimentando o mar

que sempre fui,

que se afundem no areal,

que flutuem mais longe que o horizonte,

afinal,

sempre os quis conhecer”;

e quando abrires as gavetas,

guarda o lirio seco que sempre me acompanhou,

ou enterra-o no meio das searas,

talvez ele ressuscite como flor de imperatriz.

Do lírio:

“ do lírio que renasce depois de morto,

floriu fora do tempo que o secou,

adormeceu por entre folhas que um dia

foram alvas, como o clarão da aurora,

foi silêncio, sim,

foi o silêncio do que escrevi”;

pergunto-me porque te escrevo sobre a morte,

hoje,

porque não, se ela é tão presente,

como se quer ausente,

e no fumo do nevoeiro

em que se esconde esta tempestade,

desfazem-se as saudades, o amar,

ficam as primaveras que floriram antes do tempo,

ficam os longinquos horizontes que jamais se afundarão,

fica a ilha de corais que um dia plantei.

[O lírio seco que renasça nas cinzas que acompanhe os versos que jamais sairão das gavetas fechadas no tempo ou que enfeite as searas despenteadas pelo vento].

Sossega-me.

Nkisi
Enviado por Nkisi em 03/04/2012
Código do texto: T3591943
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