[...e como as amendoeiras ainda resistem]
Apresentando O Transversal
“La Folie, Lydia the Tattooed Lady, dos irmãos Marx,... das viagens, das estações do ano, das partidas e de alguns regressos...”
La Folie dos irmãos Marx...
Penso-te sempre, no sorriso, no silêncio
mesmo que representado por uma cruz,
pela madeira que range,
não, não sussurra ou murmura, range,
disseste-me,
e que dizer das saudades, perguntaste-me,
jamais te soube responder,
como se a cor do vinho inundasse a cor dos morangos,
e nesta libertação dos medos, das tristezas,
das mágoas,
restasse a certeza de que o sol renasceria,
porque não haveria de ressuscitar amanhã
inundando um outro dia[?], e agradeces,
agradeces...
Olho a vida em volta que me cansa,
não, não se repete ou se transforma
nos estilhaços suaves das rajadas de vento,
ou nas brisas da primavera em flor,
[ah... e como as amendoeiras ainda resistem
em silêncio, sim, repeti o silêncio que não queria mais],
e naquelas labaredas que já não me açoitam
mais,
meço a distância até ao horizonte como se alguma fuga me respondesse aos dias enevoados sem caminho, me respondesse às perguntas que ficaram nos vulcões adormecidos,
adormecidos até um outro dia, e agradeces,
agradeces...
Ficam as saudades que inundarão sempre o mar,
que o aprisionarão,
encurtando-lhe as margens com novos bojadores,
com outros promontórios, mas jamais conseguirão suster
o canto das baleias,
e agradeço, e agradeço-te sempre,
o dia, a noite, o mar, mesmo o silêncio.
[Silêncio, que repito novamente, silenciando-me nos areais que os mares de inverno deixaram para trás, jamais os esquecendo].
Iluminar-se-ão as tempestades que resistem.