[...e como as amendoeiras ainda resistem]

Apresentando O Transversal

“La Folie, Lydia the Tattooed Lady, dos irmãos Marx,... das viagens, das estações do ano, das partidas e de alguns regressos...”

La Folie dos irmãos Marx...

Penso-te sempre, no sorriso, no silêncio

mesmo que representado por uma cruz,

pela madeira que range,

não, não sussurra ou murmura, range,

disseste-me,

e que dizer das saudades, perguntaste-me,

jamais te soube responder,

como se a cor do vinho inundasse a cor dos morangos,

e nesta libertação dos medos, das tristezas,

das mágoas,

restasse a certeza de que o sol renasceria,

porque não haveria de ressuscitar amanhã

inundando um outro dia[?], e agradeces,

agradeces...

Olho a vida em volta que me cansa,

não, não se repete ou se transforma

nos estilhaços suaves das rajadas de vento,

ou nas brisas da primavera em flor,

[ah... e como as amendoeiras ainda resistem

em silêncio, sim, repeti o silêncio que não queria mais],

e naquelas labaredas que já não me açoitam

mais,

meço a distância até ao horizonte como se alguma fuga me respondesse aos dias enevoados sem caminho, me respondesse às perguntas que ficaram nos vulcões adormecidos,

adormecidos até um outro dia, e agradeces,

agradeces...

Ficam as saudades que inundarão sempre o mar,

que o aprisionarão,

encurtando-lhe as margens com novos bojadores,

com outros promontórios, mas jamais conseguirão suster

o canto das baleias,

e agradeço, e agradeço-te sempre,

o dia, a noite, o mar, mesmo o silêncio.

[Silêncio, que repito novamente, silenciando-me nos areais que os mares de inverno deixaram para trás, jamais os esquecendo].

Iluminar-se-ão as tempestades que resistem.

Nkisi
Enviado por Nkisi em 11/04/2012
Código do texto: T3606356
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