Cotidiano

Boca aberta, lingua turvada e cores diante do espelho.

O cabelo revolto, o corpo curvado e dores no joelho.

É domingo ou será segunda? Estou aqui, pois me chamou.

A máquina que conta o tempo, virtuosa, me despertou.

Fecho um olho, alinhando insignificâncias.

Aprumo o corpo mirando distâncias.

Esta semana será uma camisa sem manga.

Sem avental. Uma calça arregaçada.

Difícil de engolir, nada formal.

Algo assim como coisa engasgada.

Que assim seja, nada mais me amarga.

Na mesa um cafe com água em água.

O jornal da semana passada.

Caneta e papel para descarga.