dos ventos que são alisios
[do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]
...
dos ventos que são alisios
I
como detesto números
mesmo que sejam perfeitos, primos;
o luar esqueçe-os,
nem as estrelas querem ser contadas,
encantadas,
e
entre o vinho
que escorre de uma caneca com um rei de copas
para a boca,
e o fim da noite,
resta-me contar as horas
que fiquei em silêncio
na sombra quieta da parede. Volta,
descansa nos meus braços.
II
dos ventos alisios
que não provocam chuva no deserto
fica-me a visão perdida,
infinda,
que me atrai ao precipicio,
abro os braços,
reflexo de quem não aprendeu
a
voar,
regresso-me ao mar,
regresso-me a mim, despedaço-me.
Se os ventos alisios regressarem encerra-me no casulo onde escondes as abelhas em flor.