dos ventos que são alisios

[do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]

...

dos ventos que são alisios

I

como detesto números

mesmo que sejam perfeitos, primos;

o luar esqueçe-os,

nem as estrelas querem ser contadas,

encantadas,

e

entre o vinho

que escorre de uma caneca com um rei de copas

para a boca,

e o fim da noite,

resta-me contar as horas

que fiquei em silêncio

na sombra quieta da parede. Volta,

descansa nos meus braços.

II

dos ventos alisios

que não provocam chuva no deserto

fica-me a visão perdida,

infinda,

que me atrai ao precipicio,

abro os braços,

reflexo de quem não aprendeu

a

voar,

regresso-me ao mar,

regresso-me a mim, despedaço-me.

Se os ventos alisios regressarem encerra-me no casulo onde escondes as abelhas em flor.

Nkisi
Enviado por Nkisi em 17/04/2012
Código do texto: T3617305
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