[E como eram bonitos os cravos vermelhos de abril]
25 de Abril, Sempre!
Das certezas que deixei ancoradas
no algures do tempo,
vogaram algumas folhas de plátano
completando o circulo de todas as estações,
das certezas não tive saudades,
ou senti sequer falta,
tudo se modifica, tudo se altera,
mesmo brevemente que seja,
do tempo, nesse algures indefinido,
sim, e do areal também.
Mesmo que o mar tudo cubra nessas
revoltas constantes,
nessas idas e vindas,
mesmo sem o virar de costas ao olhar,
finco-me sem oscilar, enraizo-me
nas rochas como o albatroz cansado
se esconde da tempestade que o fustiga.
E esqueço o nevoeiro,
e esqueço-me, e rio-me do plátano, do arco-íris, das certezas, do mar, do areal, do albatroz, e do nevoeiro que cobre a espuma das ondas.
Afinal, nem o poema tem a certeza nas palavras,
nem a magia do coração que concentra o ritmo,
tantas as viagens com que nos brinda, brindará[?]
Brindemos então, e o vinho que inunde a mesa,
que escorra pelo soalho de madeira que range,
que regue os cravos de abril que jamais cresceram no algures indefinido do tempo mesmo que as saudades os provoquem.
E como eram bonitos os cravos vermelhos de abril,
termino assim:
das certezas que deixei ancoradas
no algures do tempo,
vogaram algumas pétalas de cravos vermelhos de abril
completando o circulo de todas as estações,
e mesmo que nesse dia no algures do tempo, chovesse,
e se gritassem vivas aos vivos, e a alguns que se despediram a lutar, poucas as certezas restaram,
saudades, sim, sempre as terei,
que os cravos vermelhos de abril ressuscitem hoje,
que se completem todas as cores em arco-íris,
finalmente.