Aventura idílica

Em tuas mãos, páginas de idéias tumultuosas

Enquanto miravas as palavras, eu te olhava

Despertaste em mim um enlevo convidativo

Reforçado pela translúcida vestimenta que desenhava

E demonstrava claramente aquilo que supostamente escondias

Acelerado, meus batimentos tornaram-se assassinos camuflados e furiosos

Queriam matar-me ali, não sei se de ciúme ou paixão

Mas as tuas coxas suscitavam um triunfante desejo excessivamente carnal

Pareciam viver para ofertar o prazer mais digno, freqüente e gratuito do mundo

Enquanto eu insistia em disfarçar que não te atacava

Perplexo e aturdido por intenções calorosamente mudas e nuas

Escreveste com teu sorriso o chamado de que precisava

Descobrimos por dias e noites que éramos amantes ferozes

Lembro-me dos seus seios rígidos, intumescidos da base ao ápice

E dos murmúrios sublimes, dos enlaces de pernas e das pálpebras cerradas

Quando os meus suspiros atingiam a parte traseira da sua orelha

E tocava todo o seu corpo com uma parte do meu

Sabíamos: o que é bom não precisa durar pouco

E mantivemo-nos em contatos, em extratos e substratos

Constantemente conectados

Até que as lágrimas da rotina nos separasse...