Visita.
Abri a porta.
Senti um cheiro de branco.
Que é novo e que só é novo.
Um abandono de cor e de verso.
Não tinha rima, não tinha sina.
Não tinha objeto.
Era tudo vasto, como é vasto o que se pensa.
Para ser franco, era tudo um branco.
E era eu refletido em um espelho.
O joelho, a orelha a telha.
A telha da casa.
Uma fresta na imagem.
Um ponto preto na miragem,
Do passado que era recente.
Se mente, quando se julga,
Tudo branco, tudo à frente.
Se encanta com o vazio,
Mas se esquece que no cio,
Se fez filha, amiga e inimiga.
Se esquece que se estás é porque foi.
E afoito foi o que a felicidade
Deixou vazar, no amor recente.
Que renasce a cada parada.
A cada mimado pensamento.
(março,1987)