Escravo de Paixões

Escravo de paixões é o que somos.

Autômatos de coincidências e de casos.

Fatos e defeitos de nossa rotina.

Que desfigura, vira mais sina do que amor.

Saliências de desordem, minha cara.

Desimpedido, descomprometido das perguntas.

Só saliências, como carinho.

Mais um fato do qualquer caminho.

Meu corpo, nunca morto.

Porque se move ainda que no sono, eterno de uma ilusão.

Sente nos dedos finos, o gelo de uma presença.

Nuca estive só sem paixões.

Não tenho do que me vangloriar.

Virtude! Nem pensar.

Mas sempre há no que se justificar.

Se antes o gelo dos dedos,

Agora o frio do cobertor de solteiro.

Que acaricia porque está.

Está com pena?

Acena para uma vitória,

Que a própria vida lhe dará uma história.

Não vivemos somando.

Antes, somos crianças com sonhos eternos.

Durante, somos realizadores do nosso sorriso.

Vida fria que dia a dia se castra.

Ajustando,

Amando o que se tem para amar.

(março, 1987)