Ser.

A questão não é ser.

Ser é um estado volátil,

de muitas cores e sabores,

muitas máscaras e mudanças.

O ser te fatiga no cansaço do cochilo,

e lhe mostra as falhas e fracassos,

do cotidiano, do formal na varanda,

da vida de bem estar.

Você bem está, mal está,

nunca é por certo como estará.

Nas primeiras horas você usa um portfólio,

depois o rasga, e usa seus rascunhos e esboços.

Seu estado muda como roupa,

não está alicerçado nos climas da alvorada,

ou a geada não chegou em seu quarto,

com seu frio firme e sólido,

paralisando sua feição.

A cada dia você está com um humor,

humor de dor, humor de amor.

Pode ser um estado frio,

com uma máscara feliz,

vice e versa.

Em cada dia é uma canção cantada,

e numa dança, você não estará firme na música,

pode confiar no que digo,

uma música não te torna um bom dançarino.

O ser endurece seu ser,

assim sendo, seu coração andará pela teimosia,

sem benignidade e sofrimento.

Serás um homem interior de dura cerviz,

que tapa os ouvidos ao falar do dia decorrente.

Não seja!

Não queira ser!

Torna-se algo sistemático, quadrático,

com formas lisas,

sem a verdade do viver,

morto, sem vida.

Onde está a sinceridade do seu dia?

Se deseja ser, sua sinceridade se desvanecerá,

junto de teus sonhos mais belos.

Para que estes sonhos de ser?

Não sonhe, viva!

Em um dia feliz,

no outro triste,

em outro, até irritado,

ou sereno e parado,

você é volátil,

sujeito em trocas de pele,

e frágil aos sentimentos.

A questão não é ser,

nem sentir,

pois no sentir você se afoga numa poça instável.

Você será instável como uma casa edificada sobre a areia,

a água vem, bate calmamente, e a despedaça.

Você tem um exemplo a ser seguido,

um modelo perfeito,

e o seu ser será um fruto maduro,

ao cair no tempo perfeito e não tardio.

Você possui uma inspiração,

ela está escrita em um livro de capa preta,

imutável e inabalável,

não se siga, nem se admoeste,

você não sabe o que faz,

ou por onde anda.

Esteja firme no alvo,

sem devaneios a serem seguidos,

você possui uma base,

uma verdade absoluta (sempiterna) escrita por letras perfeitas.

A questão não é ser.

A questão é contemplar quem foi, é, e sempre será.

A questão

é edificar sua casa sobre a rocha de esquina,

de ponta angular.

A questão é viver,

a questão é obedecer,

a maior questão é ver,

veja.. não com seus próprios olhos.

Seja adestrado e ensinado,

e você verá.

Eu não consigo, eu não sou!

Eu não consigo ser!

Eu não quero ser! Apenas o Ser 'em e 'para.

A perfeita questão é:

alicerçar-se na rocha inabalável,

do Ser imutável e perfeito,

que foi, é, e sempre será por sempiterno.

[19/05/12]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 19/05/2012
Reeditado em 19/05/2012
Código do texto: T3675866
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