Folhas de outono
Ó pátria mais desacostumada
presa a conceitos do passado
suas grades são feitas de um preconceito
vindo desde sempre, dos antepassados
Surgem como as folhas do outono
Que mal sabem se vingam ou se morrem
Se escondem no vento frio da noite
e esperam a morte com sua foice
Ó vida mais desastrada, sem nada
sem escrúpulos perante a madrugada
Ó gente do meu Brasil, pátria amada!
que do amor vive desgarrada!
Não lutam, não dão sua cara a tapa
E esperam as folhas do outono
como o milagre de cada alvorada!
Ó corações enamorados, casados
com o medo da solidão anunciada!
Cruzam os braços perante o mal
e o denunciam com lição de moral
Moral esta que o mesmo não cumpre
Se vendendo a qualquer vislumbre...
Ó ruas estreitas por onde passo
Ó cidade que provoca meu cansaço!
Corro, corro mas nunca chego
A lugar algum, sem rumo como todos...
Seria tão bom apenas prosseguirmos com o vento
Levados como as folhas de outono...