Pagão

Livro-me dos meus pecados cometendo outros

Novos, picantes e furtivamente lascivos

Sinceros, profundos e deliciosamente proibidos

Livro-me dos meus pecados falando de amor

Sendo condenado pelos olhares que nada me dizem

A não ser que são infelizes e por isso julgam demais

Livro-me dos meus pecados profanando a dureza da razão

Contestando-a diante de sentimentos que desestruturam

Qualquer lei ou idéia aceita como verdade universal

Livro-me dos meus pecados sem fazer esforços

E tomo como minhas as palavras do poeta que afirmava

Não conhecer pecados, apenas prazeres

Bernardo Almeida