Pipocas cruas

Não era nem vinte horas

Ouvi pipocos na rua

Pensei que fosse chacina

Mas eram pipocas cruas.

Em dúvida fui à esquina

Cheguei à ponta dos pés

Tinha mesmo era gente sorrindo

Em plena festa junina.

Fui apagando aqueles pipocos

Que havia gravado na mente

E enxuguei o suor com os dedos

Pois a gente sofre,

A gente sente,

O povo vive com medo.

Desconfiado e sem graça

Tentei me divertir,

Ouvi pipocos novamente

Abaixei-me rolei ao chão

Para não ser atingido

Busquei alguma proteção.

Sou Brasileiro vivido

E olhando para os lados

Avistei panelas de pressão.

Era de lá que vinha os pipocos

E o vento levava pra rua

Daquela linda festa junina

Mas eram somente pipocas cruas.

Livrei-me daqueles estalos

Quando caí na quadrilha,

Comi, bebi e dancei

Tava tudo uma maravilha,

Sendo assim acostumei.

Porém derrubei minha alegria

Numa rara decepção

Percebi dois corpos caídos

Parecendo execução

E perguntei o motivo

Disseram-me que foi quentão.

Sorri ironicamente,

Com aquela situação.

Acordei aquele casal

Estavam sujos

Mas sem ferimentos.

Foi comovente,

Dialogar com estranhos

Com meu português fluente.

Mas ainda não perdi

Cem por cento do meu medo,

Por que aqui a gente aprende

Levando socos

E se você ouvir pipocos

Não creia que seja pipoca

Às vezes racha a taboca

Essa é a lei da rua.

Francisco Assis Silva é Bombeiro Militar

Email: assislike@hotmail.com

maninhu
Enviado por maninhu em 18/06/2012
Código do texto: T3730449
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