Lábios abissais

Sinto o cheiro acre-adocicado

Daqueles lábios abissais,

E sou atraído vorazmente

Para esta flor obscura.

Jogo-me sem pensar

Para sentir a ardência

De seu poderoso néctar

E me tornar desejo.

Toco as paredes macias

Desta obscura flor,

E sinto o néctar ancestral

Tocar todo meu ser ao sorvê-lo.

Espalho toda a minha Luz

Naqueles cantos obscuros

E despejo todo meu desejo

De uma só vez, vorazmente.

As ninfas da flor-abismo

Aparecem para beber

Lentamente toda a luz

Que jorra de mim.

Elas bebem tudo.

Sou engolido por inteiro

E passo a ser a luz

Que brilha nelas lá dentro.

O abismo sente todo o desejo

Que eu sinto num amálgama

Que nos reverte em caos,

Dois em cada um de nós.

Enfim, os jorros de luz

São expelidos do abismo

Em sua forma caótica

De Ninfas luminosas.

Daniel Tomaz Wachowicz
Enviado por Daniel Tomaz Wachowicz em 19/06/2012
Reeditado em 23/10/2013
Código do texto: T3731765
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.