Visional

Resguardo no peito

Desfalecido e cansado

A angústia do silêncio

Quase que sempre

Adormecido nas cobertas

No choro calado

Que me embala o sono.

O corpo molestado

Mutilado pelos afazeres

Entrega-se nos braços

De quem sempre

Espera-me ansioso

À procura do calor do meu corpo

Do aconchego, da ternura, da calmaria...

Os lençóis agora guardam

Meu cheiro e impressões digitais.

Nada me resta fazer

Nesta espera louca

Em que o tempo se arrasta

E nos molesta o corpo

Numa tortura sem fim

Sem remédio que possa

Curar esta dor

Que afunda no âmago do ser

E nos deixa cabisbaixos

Angustiados, temerosos,

Desgostosos, acabados,

Sem perspectivas de amor.