Basta
Basta a mão corrompida
Basta a madeira corroída
Basta a moça pervertida
Basta a mata invadida
Basta o homem tristonho
Basta o paraíso ser só um sonho
Basta o desespero medonho
Basta do que me envergonho
Basta a casta
Nobre e vasta
Comandar a devasta
Como a má madrasta
A terra também é tua mãe
O que fazes com ela? Espanca-a?
Então percas a esperança
Do dinheiro como alavanca
Porque um dia a madeira acaba
Porque um dia a fumaça macabra
Irá fazer tua grande gaba
Dizer abra-cadabra
Mas mesmo assim a casa desaba
E antes que o chão se abra
É melhor imitar cabra
Que parte em retirada
Antes de ser rejeitada
Pela terra abençoada
E pelo homem maltratada
Basta de tudo
Almejo somente o veludo
Vestindo o homem desnudo
Será que somente me iludo?
Basta gente!
A humanidade clemente
Ainda é crente
Que terá o presente
Da vida excelente
Nesta Terra que brada urgente
Que a fome, a guerra e a corrupção
Sejam extintas para sempre.