Desolações do amanhã-mor
Ó coração volátil
Voas tão vividamente, altaneiro
Ó coração alado
Volve magnificente entre nuvens brancas
Ó coração de rapina
Violentamente rasga os céus
Ó coração passarinho
Mal sabes que a cá embaixo
O inferno se comprime
Ó passarinho livre
Não podemos ver a carnificina geral
E as dores que assolam as massas
Ó coração avoante
Tuas asas são exuberantes
Mas uma cegueira atroz não te deixa ver
Os horrores performáticos em terra firme
Ó pássaro-homem
Ó coração valente
Valei-nos, os doentes
Os humanos dementes
Déspotas e egoístas
Mostra-nos tuas vistas
Mostra o que tem além-mar
Além-horizonte, depois de nós
O que haverá, pois nossos dias estão contados
Ó coração-humano-alado-flamejante
Desintegramo-nos todos em ódios e guerras
Mas tem piedade desta terra
Deste solo avermelhado
Tenhas misericórdia com o sangue derramado
Saibas velar pelos pobres desnutridos que
Por sorte venham a vingar nestas desolações do amanhã-mor