Desolações do amanhã-mor

Ó coração volátil

Voas tão vividamente, altaneiro

Ó coração alado

Volve magnificente entre nuvens brancas

Ó coração de rapina

Violentamente rasga os céus

Ó coração passarinho

Mal sabes que a cá embaixo

O inferno se comprime

Ó passarinho livre

Não podemos ver a carnificina geral

E as dores que assolam as massas

Ó coração avoante

Tuas asas são exuberantes

Mas uma cegueira atroz não te deixa ver

Os horrores performáticos em terra firme

Ó pássaro-homem

Ó coração valente

Valei-nos, os doentes

Os humanos dementes

Déspotas e egoístas

Mostra-nos tuas vistas

Mostra o que tem além-mar

Além-horizonte, depois de nós

O que haverá, pois nossos dias estão contados

Ó coração-humano-alado-flamejante

Desintegramo-nos todos em ódios e guerras

Mas tem piedade desta terra

Deste solo avermelhado

Tenhas misericórdia com o sangue derramado

Saibas velar pelos pobres desnutridos que

Por sorte venham a vingar nestas desolações do amanhã-mor

Levi Oliveira Brecht
Enviado por Levi Oliveira Brecht em 01/07/2012
Reeditado em 01/07/2012
Código do texto: T3755160