NÃO
As negações inconstantes me tornam um invólucro farsante.
O bem se tornou uma oligarquia imerecida.
Os desejos não estão mais disponíveis.
Tudo a minha volta é uma prerrogativa indesejada.
Sempre convivi com o nunca da minha existência,
Sempre estive ausente a esta indiferença,
Porém nunca senti o medo que agora me atenta.
Bebi a água negada pela fonte,
Transpassei minha dor pela ponte que sobrepõe um leito
Onde o sangue já coagulou.
Meu sangue nega minha própria vida,
Aberta ainda está a ferida de uma vida de incertezas
Onde o sim não é opção.
As portas foram fechadas,
A incúria instalada dentro do meu peito,
As anatomias ultrajadas jazem no leito de um coma.
Não há saída no começo,
Só há intriga no desfecho de um final trágico,
Pois as verdades fantasiam-se de palhaço no picadeiro da tristeza.
Sou fraco de coração, sou síntese sem concessão,
Sou a balburdia disfarçada de hipocrisia,
Sou a anistia de uma vida de interrogação.